21 maio, 2009
Primavera triste
A primavera chegou sem esperança trazer.
O fogo do desespero consome campos e fábricas,
Consome sociedades e nações,
Consome continentes,
Consome corações.
As falsificações aumentam
E aumentam as corrupções.
Punições, nada!
Que justiça, Senhor?!
Os despedimentos explodem
E matam as fomes.
Como é possível tudo isto acontecer
Sem nada se fazer?
Pergunto-me, sem resposta ter:
Como deixaram eles a tudo isto chegar,
Sem nada prever,
Sem nada vislumbrar,
Sem nada dizer,
Para cada um se precaver?
Ouso, contudo, responder-me
Que eles sabiam,
Eles sabiam,
Que eles pelo menos pressentiam,
Pois tinham que antever,
Que isso teria que ser seu dever e saber.
Infelizmente, nada:
Nem ver, nem dever, nem saber nem nada!
Ouso ainda pensar
Que no seu conhecer,
Ou no seu pressentir,
Nada quiseram fazer
A não ser para o lado olhar
E a outros deixar o agir.
A outros, iguais,
Sem agir,
Ou a fingir,
Para o lado olhar,
A assobiar,
A fortunas ganhar!
Que triste esta primavera,
Sem esperança trazer,
Com sonhos feitos a desfazer,
Ou sem sonhos poder ter,
As gentes tristes a sofrer,
Os corações a sangrar,
Sem responsáveis castigar,
Sem justiça haver nem ter!
Este é o mundo!
Talvez o mundo a merecer
Sem primavera de esperança haver.
Culpa?
Talvez tua e minha,
Por neles confiança ter!
J. Rodrigues Dias
2009-03-24
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