21 março, 2014

Reboredo

Oh Serra do Reboredo
Tua alma abre-so no vento
E leve e subtil o sou pulsar
Marca o pensamento
Dos teus filhos
Lá longo dos teus pinhos longínquos.

Oh Serra do Reboredo
O cheiro dos teus cedros
Deixou um rasto tão fundo
Que no fundo do tempo e do mundo
Ainda impregnará as mãos
Que um dia os tocaram.

Oh Serra do Reboredo
Asa protectora de ave sábia
Que atravessou o mar,
Viu a terra, sorveu o ar
E regressou ao ninho
Antiquíssimo.

 Oh Serra do Reboredo
Que vives na terra
Que vive em meus dedos
Tenho um segredo
A brisa to leva e ao ouvido to diz:
"Não te esqueci".

Poema de Júlia de Barros Biló
(1953)
Do livro "Somos Poeira, Somos Astros".