27 agosto, 2013

com Tradição

Música tradicional portuguesa e irlandesa faz a festa em Torre de Moncorvo
Gaitas, bombos, violas, “fiddles” e outros instrumentos vão estar em festa em Torre de Moncorvo a 31 de Agosto, no espectáculo “Com Tradição”, uma celebração da música tradicional de Portugal e da Irlanda em que participam as bandas Projecto Taberna Subura, Os Roleses, Las Çarandas e The Plastic Paddies.
O evento, de entrada livre, realiza-se no magnífico espaço do Miradouro de Santa Leocádia e assinala o primeiro aniversário do programa “Gaitas de Fora”, da Rádio Torre de Moncorvo.
Com início marcado para as 21h00, o espectáculo terá como cabeça-de-cartaz o Projecto Taberna Subura, uma banda de Braga nascida no bar com o mesmo nome e que se dedica a recriar o riquíssimo reportório de Zeca Afonso, bem como vários temas tradicionais do Minho.

Antes, estarão em palco Os Roleses, cognominados “Gaiteiros de Urrós”, um grupo de jovens empenhado em divulgar e perpetuar a tradição musical mirandesa, mas que também interpreta temas populares de outras regiões portuguesas, e que está a preparar o lançamento de um disco.

Também Las Çarandas têm a tradição mirandesa como base do seu reportório, embora a mera criação da banda tenha representado uma ruptura com essa tradição, uma vez que se trata do primeiro grupo de gaiteiras num universo desde sempre dominado por homens. Músicas de outras regiões portuguesas e de outros países, bem como originais da sua autoria, integram igualmente os espectáculos de Las Çarandas, que planeiam gravar em breve o seu primeiro álbum.

A abertura do “Com Tradição” cabe aos The Plastic Paddies, grupo fundado expressamente para este evento por Andrew May, um dos co-autores do “Gaitas de Fora”, que vai mostrar a alegria contagiante da música popular irlandesa, numa actuação recheada de clássicos.
Para que ninguém falte à festa, a organização assegura transporte gratuito entre a vila de Torre de Moncorvo e o Miradouro de Santa Leocádia, em autocarros que sairão da Praça Francisco Meireles e do quartel dos Bombeiros Voluntários. Além disso, haverá no local do evento um ponto de venda de comidas e bebidas, já que a noite promete ser longa.
O programa “Gaitas de Fora”, que teve a sua emissão inaugural em 30 de Agosto de 2012, é da autoria de dois arqueólogos radicados em Torre de Moncorvo, o português Pedro Xavier e o irlandês Andrew May. É transmitido todas as quartas-feiras, a partir das 21h00, na Rádio Torre de Moncorvo, que é propriedade da Associação Cultural de Torre de Moncorvo. A emissão semanal é complementada por uma rubrica diária, intitulada “Álbum da Semana”, em que os autores do programa fazem a divulgação de um disco por si escolhido.
Além de dar a conhecer a música tradicional, o “Gaitas de Fora” também dá voz aos seus autores e intérpretes. Sebastião Antunes, Melech Mechaya, O Baú, Toques do Caramulo e os irlandeses Four Men and a Dog foram alguns dos artistas entrevistados ao longo dos últimos 12 meses. E alguns dos convidados tocaram mesmo em directo para o auditório da Rádio Torre de Moncorvo, como foi o caso de Las Çarandas, Os Roleses, o Grupo de Fados de Torre de Moncorvo e o gaiteiro Filipe Camelo.

Blogue do “Gaitas de Fora”: gaitasdefora.wordpress.com
Facebook: https://www.facebook.com/pages/Gaitas-de-Fora/461907630506768

14 agosto, 2013

Retratos do Planalto (01)

É conhecido pelos Sr. Ranhadas, de Adeganha.
No dia 14 de julho, em Estevais da Vilariça, aquando da realização das atividades integradas na iniciativa Planalto em Movimento 2013, aproveitei para fazer uma série de retratos de pessoas, algumas mais idosas, outras nem tanto, dos quais apresento agora alguns.
Deolinda Mariano, irmã da Sr.ª Chéu, de Estevais.
A maior parte dos rostos já era do meu conhecimento, outros não, como o da senhora Antónia que só conheci nos Estevais, sentada no seu patim, admirada com a confusão que se desenvolveu no "seu" largo, tradicionalmente sossegado. 
Antónia André, foi em tempos parteira dos Estevais.
São pessoas que ostentam nos rostos muitas histórias, muitas lutas. Apesar d e hoje vivermos tempos difíceis, as dificuldades atuais são muito diferentes das que sentiram estas pessoas que ajudaram com suor e lágrimas a construir este recanto de Portugal a que chamamos Trás-os-Montes.
Srr.ª Chéu irmã de Deolinda Mariano, de Estevais.
Cada rosto tem um nome, uma história de vida. Infelizmente não tive tempo para os conhecer a todos, mas os familiares, os amigos, os vizinhos, vão-me informando dos seus nomes, do seu passado, dos seus laços familiares e da sua bravura em tempos mais difíceis.
Espero encontrá-los para os ano com o mesmo sorriso, com a mesma disposição com a mesma coragem com que sempre viveram nesta terra que é agreste, mas que jorra leite e mel quando é amanhada, regada e cuidada com o mesmo carinho com que se cuida a roseira que cresce junto à porta, ou o canteiro das alminhas à entrada da povoação.

10 agosto, 2013

Segada e malhada tradicionais 2013

 A segada e a malhada tradicionais realizadas em 2012 em Adeganha foram fantásticas, quer para quem participou, quer para quem assistiu e o evento repetiu-se num outro formato, em 2013.
O programa estendia-se ao longo de dois dias, 13 e 14 de Julho, com atividades a desenvolverem-se em três aldeias Cardanha, Adeganha e Estevais, com o lema Planalto em Movimento 2013.
Inicialmente tinha previsto marcar presença nos dois dias, mas, depois, optei por ir só ao segundo dia, onde se desenvolveu a segada e a malhada, consciente de que perderia atividades (novidades gastronómicas) bastante interessantes.
Cheguei a Estevais a meio da manhã do dia 14. Pensei chegar ainda a tempo da visita guiada ao Baldoeiro, mas não. Aproveitei a calmaria no largo da aldeia para explorar as ruas e ruelas. Fiquei admirado com a quantidade de habitações antigas, muitas delas em ruínas que devem ter constituído a antiga aldeia! Seria muito maior do que é hoje, situada em terrenos mais acidentados, sobre lajes de granito, voltada para o vale da Vilariça.  Tirei imensas fotografias  desta aldeia "fantasma".
Quando regressei ao largo já estava a ser ultimado o almoço. Fazia muito sol e calor e todos procuravam um lugar à sombra. Estava mesmo muita gente! A custo consegui um espacinho junto ao Sr. Moisés, bom garfo, confiante que ele teria vindo acompanhado de algum garrafão da Adeganha. A D. Ermelinda tinha preparado um almoço bem tradicional, mas eu estava a contar com outros pratos, foi o que deu não ter ido à ceia do dia 13.
Não foi fácil servir tanta gente. O vento teimava e levar os guardanapos e pratos vazios. Quanto aos talhares, fizeram mal as contas e foi necessários recolhe-los em várias casas, mas eram mais pesados e não eram levados pelo vento. Com calma e boa vontade todos se acomodaram e foram servidos.
O melhor, e não podia ser de outra maneira, foi o convívio entre as pessoas, as conversas  espontâneas e francas, a partilha da salada o incentivo a mais um copo. Até um zamorano se juntou a nós e se sentiu em casa, comendo e bebendo, mas com menos "coragem" que os transmontanos.
 Aproveitei a pausa depois do almoço para fazer alguns retratos. A franqueza da gente deixaram-me à vontade para uma aproximação mais frontal, individual mesmo. O registo dos traços dos rostos marcados pelo tempo, os mesmos que já havia registado um ano antes, foi muito entusiasmante.
Não acompanhei as atividades seguintes mas à hora marcada estava na Cardanha para assistir à segada.  O grupo de segadores era razoável e nem parecia que estavam a brincar! Não sei se me apetecia mais fotografar ou pegar numa ceitoira e recordar o passado com eles. Tentei fazer as duas coisas, perdendo algumas oportunidades fotográficas de pormenores que seriam bastante interessantes.
O centeio foi transferido para a eira, a alguma distância. Optei por ir a pé, na companhia de outras pessoas.
Por sorte as pessoas que estavam a assistir à malhada recolheram-se à sombra o que prometia um espaço "limpo" para fotografar a malhada tradicional.  Infelizmente alguns entusiastas da fotografia e vídeo apareciam por todo o lado rivalizando em protagonismo com os verdadeiro intervenientes.
Mais uma vez a malhada tradicional foi o momento mais alto das atividades. Notava-se que a experiência do ano anterior tinha sido benéfica, sobretudo para reavivar os procedimentos. Numa próxima realização poderia ser boa ideia dar oportunidade a quem nunca manejou o malho. Isto sem colocar em perigo a integridade física de ninguém, é claro.
Lembrei-me disto ao ver uma criança a brinca com o grão que ficou na eira, depois de todas as tarefas terminadas. Possivelmente nunca tinha visto o grão, quanto mais tido a oportunidade de enterrar as mãos e senti-lo escorregar por entre os dedos.
 Foi servida a merenda, extensível à assistência, incluindo fotógrafos. Mais uma vez a enorme cabaça andou de mão em mão manchando de tinto as camisas dos menos experientes.
Regressámos à aldeia. Junto à capela do Senhor dos Aflitos organizou-se o "baile" que antecedeu o encerramento das atividades. Com arcos enfeitados e vestidos a preceito, vários grupos, penso que seria 3 um de cada aldeia, cantaram e dançaram como há já muito tempo não faziam. E foi neste ambiente de arraial que terminou a festa.
Este modelo com atividades a desenvolverem-se em três locais distintos tornou mais difícil o acompanhamento, mas criou outro envolvimento. Fiquei com a sensação que perdi muito bons momentos, mas isso só é razão para pensar já na próxima recreação. Espero que todos os envolvidos na organização destas atividades, que merecem ser aplaudidos e acarinhados, não percam o entusiasmo e mantenham o dinamismo que foi criado e que já faz a diferença, no concelho e para além dele.
 Muito obrigado a todos.